quinta-feira, 28 de julho de 2016

Projeto Paralelepípedo Poema-lançamento do livro

Paralelepídedo poema- lançamento do livro

Chegou o grande dia, aquele do lançamento do livro do Projeto Paralelepípedo poema, da qual tive o prazer de participar em agosto de 2015.

O projeto 

 Jogo poético que teve como objetivo estimular a leitura, a expressão e em especial a escrita criativa e poética de crianças de um Escola Municipal de Florianópolis. A experiência foi transformada em livro que terá lançamento dia 28 de julho de 2016(hoje) às 17h no CIC, em Florianópolis.



Minha participação 

Minha participação no projeto foi a de estimular as crianças para que escrevessem suas poesias  e entendessem um pouco da linguagem poética... Instigar a escrita criativa e poética, fazendo que colocassem em prática a criação de metáforas sem temer o juízo crítico dos demais. A atmosfera foi dada por Marcoliva que tocava sua viola enquanto a criançada derramava-se em metáforas e mais metáforas, que iam ser mescladas com os paralelepípedos criados por eles mesmos.

Foi um momento lindo e um grande privilégio, num mundo em que o tempo todo a tecnologia está dominando com jogos eletrônicos em 3 d,   4d,  5 d ... poder colocar a mão no barro, ouvir música, criar poesia, e ver depois, tudo isto,  materializado  em livro é uma delícia.





O Livro 

O livro, segundo meu ponto de vista, serve para dar materialidade a este interesse, provar  que as crianças se interessam sim por poesia, arte, artesanato, basta ter a oportunidade...


Que magicamente os paralelepípedos  transformam-se em poema...livros...cerâmica e canções ... e que a poesia faça parte da educação de todo dia, como o pão!

Meus aplausos e minha gratidão por ter feito parte deste projeto!
Pa-Pa- Para-lele-pí-pedo poema!

Mactub
está escrito


Para saber mais acesse:

Página do Projeto Paralelepípedo Poema no Facebook
Matéria Enredo Criatico
Matéria do portal desacato


Fotos Paula Guimarães

#poesia

quinta-feira, 6 de junho de 2013

O Cavalo Trô-lô-ló


Em abril tive a oportunidade de levar a cena mais um de meus textos: 
"O Cavalo Trô-lô-ló"
a incrível história de um cavalo que queria voar. 


A história eu já havia criado em 2009, quando morava no Rio de Janeiro e trabalhava contando histórias,
num espaço cultural com atividades infantis, em Ipanema. 
Meu trabalho acontecia junto com o músico Léo Castro, ele cantava eu contava... 
Mas chegou o dia que eu teria que cantar e contar minha história sozinha...
me senti num pavor sem fim...
cantar sozinha...
contar o que...???
O pequeno livro de meditações de minha tia naquela manhã carioca de maio, dizia que 
a perseverança é uma virtude e que jamais podemos desistir no meio do caminho. 
No ônibus que me levava do Méier até Ipanema... 
a frase retumbando na minha cabeça... 
Não desistir...
Nào temer...
Perseverar...
O Cavalo Trô-lô-ló como Mago, vivido pelo ator Nilo Corrêa.


Ao chegar em Ipanema...ainda tinha muito tempo até a hora de contar minha história...
Sentei-me diante do inspirador mar de tantas bossas e de garotas cheias de graça...
E pensei em todos os brinquedos e fantoches do espaço...
Com o morro dois irmãos a me inspirar...
Asa delta...

Imaginei um cavalo voando sobre a minha cabeça... 
como nas mitológicas histórias gregas de minha infância...

pensei em meus vôos...
na persistência
que tem como uma única recompensa 
persistir...
Sim...
é isto vou contar a história deste fantástico cavalo que vai correr mundo 
e tentar a todo custo voar 
ainda que não tenha asas...


A incrível história do Cavalo Trô-lô-ló, o cavalo que queria voar.
...
ao abrir o espaço...
organizei todo o material
o cavalo parecia sorrir
dos medos que venci
da montanha alta a que tive que elevar minha criatividade
de autora, 
atriz, 
contadora de histórias...
e naquela manhã
 cantora... 

O Rei e o Cavalo.


A história do Cavalo Trô-lô-ló
que eu havia criado ali em meio a um medo, uma angústia
virou a sensação das manhãs e tardes do espaço...
Crianças com seus pais e responsáveis 
voltavam muitas vezes para assistir 
o vôo de meu cavalo...

Ao término da pré-estréia ...todos queriam tocar no cavalo...ele um superstar...


Acalentei muitas vezes desde então trazê-la para o palco...
dar forma de teatro 
sem perder a magia de história...
No último verão, no Rio Grande do Sul,
em férias com a família
 contei a história para minhas sobrinhas pequenas 
e sem mais nem menos 
já tinha um grupo de crianças a minha volta vibrando 
com o Trô- lô-ló...
Voltei para Santa Catarina certa de que 
O Cavalo Trô-lô-ló
seria montado ainda este ano...
... e assim
 sem mais nem menos 
lá estava ele em sua pré estréia de uma escola 
de educação infantil da periferia de Biguaçu/SC...
em 17 de abril...

Crianças muito pequeninas atentas ao vôo de meu cavalo...
atentas a mais este meu vôo...
que é dele 
mas sempre será meu! 

E esta semana dia 4 de junho 
ele fez a sua estréia 
em Florianópolis/SC.
Deixando claro para mim e para os presentes 
que os medos quando trabalhados 
podem sim nos dar asas 
para vôos 
inusitados !!!

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Para saber mais sobre o espetáculo: 
acesse o blog da

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Aquele Abraço! 


domingo, 30 de dezembro de 2012

Justificativa de ausência


Em meu momento correspondente internacional do E-cult...direto de Milão na Itália...
e isto não é mentira! 

E eis que 2012 chega ao fim e eu poucas vezes tive tempo de escrever por aqui, sobre o ato de escrever, sobre meus textos teatrais, sobre outros espetáculos...mas não deixei de escrever, ao contrário...escrevi e muito...como correspondente do E-cult mídia ativa. Nos meus blogs, projetos e textos teatrais. Fora a poesia de cada dia essencial a vida.

No início do ano, fevereiro, realizei o sonho de conhecer a Itália, de andar de trem, de ir a Roma e de ver a neve...Tudo aconteceu junto...Minha primeira viagem de trem foi para Roma, em meio a uma nevasca e quando cheguei em Roma começou a nevar...o que não acontecia há 27 anos. E sobre esta e outras vivências estou  escrevendo muita coisa...

Roma, Itália...um sonho realizado com neve...

Para o teatro,  escrevi mais uma versão de "Os Seguranças", desta vez, sobre Housekeeping, a revolução dos 5 S's..., que foi levado a cena em setembro na SIPAT ( Semana Interna de Prevenção de acidentes no trabalho) da Cassol Concretos em São José/SC e seguirá em cartaz para o ano de 2013. Mais outra experiência com a empresa e de escrita por encomenda.

Os Seguranças da segurança do trabalho 'y de otras cositas más'

Meus textos teatrais "Cadê a história que estava aqui?" e "A Maçã"( La Ragazza Mela) - este com tradução do Italiano e adaptação para o teatro de minha autoria - seguem em circulação.  O primeiro relizou 33( trinta e três) apresentações este ano, em cidades da grande Florianópolis/SC, e o segundo 8(oito) apresentações. Estou também num novo trabalho de criação cênica, construindo o texto a partir de laboratórios que partem da experiência corporal, mas este processo descreverei posteriormente e detalhadamente. É a consequência direta do trabalho que empreendi após a ida a Perugia, na Itália em Agosto para fazer curso de biomecânica teatral de Meyerhold com o seguidor direto de tal técnica, o Mestre russo Gennadi Bogdanov.  E solidifiquei minha identidade a partir das oficinas que ministrei  "O Cotidiano e o Cênico no corpo do ator"... embora a escrita cênica seja mais corporal do que escrita em padrões dramatúrgicos Aristotélicos, existe um processo, um work in progress... com descrição de cenas...e nem eu sei ainda precisar o que ficará deste processo como texto teatral (palavra) propriamente dito...tanto, como quem me lê, quanto meu público de teatro terão que esperar para ver qual será o resultado.

Com alunos da Oficina "O Cotidiano e o Cênico no corpo do ator" 
em Florianópolis/SC.


Outro  anseio em relação a escrita que estou acalentando dia após dia é o de escrever sobre atualidade, um olhar artístico sobre a realidade...segundo a minha ótica.

O que posso dizer é que tenho certeza que escrevi um ano maravilhoso de minha vida.
Com experiências enriquecedoras e tudo e todos que passaram este ano na minha vida já tem seu posto garantido no meu coração...e muitos em minha poesia, em meus textos como fonte de inspiração...Acessem meus blogs e acompanhem o que escrevo e o que tenho feito e se tiver interesse de entrar na mail list de minha assessoria envie e-mail para assessoria.polux@gmail.com





Que possamos fazer de 2013 um ano inspirador para um novo mundo... Melhorando dia a dia...

Deixo aqui publicamente meu muito obrigada a todas as pessoas que compartiharam momentos comigo ao longo de 2012!!!

MUITO AMOR a TODOS... 
Com amor,
apaz, força, serenidade, sucesso, prosperidade, saúde, 
tornam-se apenas consequência...






Um beijo no coração de cada um... 
e muita muita muitíssima LUZ!




segunda-feira, 28 de maio de 2012

Correspondente

Este mês deixo de lado a falação a respeito dos textos teatrais que tenho escrito ao longo dos anos, e de seus processos de criação e montagem, para falar da escrita em outros formatos. Em especial das correspondências. Eu sempre amei escrever como já devo ter comentado em algum outro momento aqui. Adorava quando a professora dizia: "-Redação!" Arrancar a folha do caderno e mergulhar nas palavras sempre foi um ritual especial para mim. E a grande riqueza de minha infância provém dos livros que tinha em casa. Na verdade não lembro de ter comprado muitas roupas na infância, mas lembro de ter ido comprar livros inúmeras vezes com meu pai, e que os vendedores de livros sempre faziam um pit-stop em minha casa. Cheiro de livro novo, coisa boa! E fora os livros haviam as histórias dos irmãos, dos primos, dos tios e tias, e dos avós. E uma das coisas mais incríveis nas histórias de minha família eram (e são)  as cartas de meu avô paterno Domingos Barcellos, suas histórias de amor, a descrição do Monte Bonito, lugar onde nasceu e passou a infância e adolescência, e depois as cartas de sua vida no Rio de Janeiro e em diversos lugares mundo afora. E seus artigos e crônicas de coisas que escrevia para jornais do Rio de Janeiro. E em suas fotos os amigos escritores e as citações de este e daquele escritor. Achava tão importante isto de saber que um avô que não tive a oportunidade de conhecer pessoalmente podia ser tão presente e vivo em minha educação. E me achava a mais importante das criaturas quando falava que meu avô escrevia para um jornal. Sempre achei que escrever para um jornal, para uma revista, fosse uma honraria concedida apenas a alguns raros espécimes da raça humana. Como se escrever para um jornal fosse um chamado intergaláctico, uma benção divina onde Deus chamaria uma legião de anjos e num estalar de dedos daria esta benção, como havia dado ao meu avô e como dava aos jornalistas das revistas que li ao longo da vida. Fossem elas as caprichos (que ainda guardo para preservar as referências da adolescência) ou as outras tantas que li da recreio a super interessante, da Planeta a Mondo Diplomatique, da Bravo a Boa Forma, da Cláudia a Cult. Com a internet os jornalistas e escritores passaram a habitar um espaço mais próximo na vida da gente: o feed de notícias. Quando escrevia seus artigos, crônicas e cartas certamente meu avô sequer supôs, mesmo diante de toda a sua criatividade, de como caminharia a tecnologia da comunicação e em especial do ato de escrever. Descobri o prazer de escrever cartas nas férias do colégio, eu e minha melhor amiga de infância, a Simone, morávamos a duas quadras e meia de distância, mas nas férias escrevíamos cartas uma para outra. Era engraçado pois as vezes eu chegava na casa dela e eu perguntava:  "-O que estas fazendo? "e ela respondia: "-Estou respondendo a tua carta." Cartas que lamentavelmente perderam-se no tempo. Quando deixei o sul e fui morar no Maranhão aos 12 anos de idade este prazer de me corresponder cresceu. E eu escrevia para Simone, uma carta diretamente para ela e outra para que fosse lida para a turma do Colégio Pelotense que me acompanhara ao longo dos anos. E assim meus colegas sabiam todas as minhas impressões diante da nova vida que levava. Da Vila militar à escola, das ruas à gastronomia local, e até de quando iniciei a fazer a teatro, tudo era relatado por cartas. Quando eu voltei do Maranhão minhas colegas perguntavam de coisas que eu tinha visto e vivido, detalhes que eu até já havia digerido e esquecido. E lá no Maranhão recebi as cartas de meus irmãos que ficaram no sul, em especial do meu saudoso mano que narrava ora de maneira irônica ou de forma emotiva, as saudades e a vida cotidiana e todos na varanda de casa escutávamos com algumas pausas tchecovianas para enxugar as lágrimas diante da saudade e da beleza de suas correspondências. Depois eu ainda escrevi muitas cartas para muitas pessoas. Quando voltei para o sul escrevi a alguns amigos do Maranhão e ao meu pai, que ainda ficou um tempo vivendo por lá. E me correspondia em inglês com pessoas do Japão através de amizades de um clube de correspondência que havia no Colégio. Quando fui viver em  Montevideo eu sempre escrevia para contar a parentada como minhas primeiras façanhas fora do útero de nome família estavam me ensinando a viver. Lembro também, e isto faz com que eu as vésperas de mais um aniversário me sinta imensamente jurássica, que em minhas viagens com teatro escrevia cartas para muitos amigos e parentes, enviando o meu olhar em especial a respeito da cultura de cada local. E enviando cartões postais dos pontos turísticos dos locais que conhecia tal como fizera meu avô com meu pai, para manter um vínculo com o filho que vivia distante. Um de meus amigos me disse que tinha uma caixa cheia delas até  unir-se a uma namorada ciumenta que destruiu impiedosamente o acervo de minhas narrativas mundo afora achando que eu eram cartas de um amor do passado.
Eu não tinha ideia de quanto escrevia até que um dos meus sobrinhos mais velhos um dia me alcançou um álbum com postais e outras tantas porcarias que eu lhe enviara. Eu entrei em choque pois eram todos os postais, cartas e lembranças que eu tinha enviado de minhas viagens...Um álbum, sim! Um álbum de minhas correspondências. E cada carta mais lindinha com detalhes dos locais que conhecia numa escrita que ia de acordo com a idade que tinha. Postais sem palavras apenas com desenhos a cartas com gírias adolescentes. Nossa, meu avô ficaria orgulhoso de mim, pensei. E se hoje tenho algum vínculo com minha sobrinha mais velha, foi graças as correspondências que eu lhe enviava. E assim que ela aprendeu a escrever, em letras tortas fez um esforço para me mandar uma carta e dizer que agora já sabia escrever e gostaria de agradecer todas as cartas que tinha lhe escrito. Mas, me perdoem todos a quem escrevi,  meu mais ilustre correspondente foi Paulo Autran (1922-2007), conheci ele em 1993 e até as vésperas de sua partida para o grande palco ainda nos  correspondemos. Trocar cartas com ele era de uma responsabilidade, mas ele sempre me estimulava a escrever e se eu passava um tempo sem enviar as minhas longas cartas ele me cobrava e dizia com um brilho especial de seu olhos bicolores: "-Eu tenho sentido falta das suas cartas."  Eu mudava muito de endereço, por causa da vida nômade a que me dediquei a levar, e algumas vezes era difícil lhe enviar um endereço para receber suas cartas logo deixava de escrever. No dia que nos encontramos pessoalmente pela última vez em 3 de junho de 2007, eu lhe entreguei uma monografia que havia escrito para uma disciplina da faculdade, sobre o TBC (teatro Brasileiro de Comédia). E assim que ele leu me telefonou emocionado. Ele não era muito de ligar, gostava mesmo de trocar cartas. Foi a última vez que nos falamos. O que fez que depois que ele partisse me desmotivasse a trocar correspondências. Quando estive na Itália em fevereiro passado tentei resgatar algo semelhante e enviei alguns postais, em especial para a safra de sobrinhas a quem nunca havia escrito. Uma delas com quem falo muito pouco me disse emocionada que nunca havia recebido um postal e o primeiro que recebe na vida é de Roma...ao sentir sua emoção pela correspondência recebida de uma tia distante me coloquei no lugar dela...e me achei genial! Eu adoraria ter recebido um postal de Roma de uma tia praticamente desconhecida. Sempre gostei das coisas correspondidas e ali naquela rara troca de carinho entre nós entendi que ela estava correspondendo também seu afeto por mim. Hoje não escrevo mais cartas, mas sou uma blog writer convicta. E já troquei correspondências virtuais com pessoas de vários cantos do mundo. Construí amizades( e inimizades também) através de correspondências virtuais. Inclusive com um jornalista internacional, num papo inesgotável que estendeu-se por mais de dois anos onde abordamos desde o existencialismo humano a crise européia, das diferenças eternas entre homens e mulheres as tecnologias de transmissão de imagem, da arte ao consumo. E já conversei sobre arte contemporânea com um artista visual da Korea, um músico da Sicília e um estudante do Egito.  E sobre cultura popular com um jornalista Sírio  e um merchand italiano. Me sinto plena quando consigo compreender um pouco da alma das pessoas, e de alguma forma instigá-las.
Com a internet, os jornalistas, segundo meu ponto de vista, tornaram-se pessoas bem mais próximas deixaram de ser apenas aqueles Deuses e Deusas da bancada, que existem só da cintura para cima. Tornaram suas rotinas de trabalho mais próximas daqueles que tem a oportunidade de curtir sua fan page no Facebook ou de segui-los no twitter.  Sempre gostei das colunas de cultura dos jornais, desde criança, e sonhava com jornais e   revistas que falassem só de teatro, arte e cultura. Mas sempre achei  o jornalismo distante de mim, embora tenha  colocado  na ficha de inscrição de meu primeiro vestibular segunda opção o curso de jornalismo. Fato que a época fez que meu irmão me perguntasse se eu entendia o que um jornalismo fazia. E se eu fosse jornalista em que área gostaria de atuar. Pensei, e de fato eu não tinha ideia nenhuma. Ele riu e me perguntou se eu seria uma daquelas jornalistas de terninho e maquiagem carregada. Eu só pensava em teatro, estava colocando um curso mais difícil que o primeiro na minha segunda opção, eu não seria jornalista. "-Mas me responde que tipo de jornalismo gostarias de fazer?" Pensei um pouco e respondi: "-Daquelas que vivem noutro lugar e falam de outra cidade ou de outro país." Meu irmão caiu na gargalhada. "-Correspondente? ", eu já irritada respondi com um seco: "-É!" vendo que ele seguia rindo da minha cara decidi dar mais características a personagem que ele me fazia desvendar num possível eu. "-Poliglota! Daquelas que falam e escrevem sobre personalidades, arte e cultura." Meu irmão parou de rir de súbito, olhou para minha cara, falou aquele apelido que eu detestava e disse: "Ah, eu sabia que não seria qualquer coisa... Algo sempre me disse que esta pinta de puta americana na tua face era mais que um sinal...Correspondente poliglota ou atriz! "

Guardei esta lembrança no arquivo morto de minha memória por anos e anos, entre correspondências, virtuais, eis que um dia surge o convite para escrever sobre arte, cultura e personalidades de minha terra natal. E a denominação que ganho do veículo de mídia, impressa e escrita que me convida a escrever sobre cultura é o de correspondente. Escrever sobre artistas de minha terra natal que acontecem mundo afora. E inevitavelmente o tempo envia suas correspondências, trazendo a tona tantas lembranças.
Meus escritos agora não são só peças e artigos de teatro, minhas correspondências não são apenas para os amiguinhos do colégio, para os familiares, amigos ou mestres.  Agora falo a minha cidade ( e a quem mais queira me ler em qualquer canto do mundo via internet), sou correspondente do E-cult mídia ativa, falo da cultura que sai de minha terra natal e se espalha mundo afora, ou daqueles que vão levar a arte até lá, ainda timidamente, como a menina tímida de minha infância que segue vivendo em meu íntimo. E sabe-se lá do que mais escreverei. É uma atividade nova na minha vida, um gérmen apenas de algo que há muito trago em mim. Não sou uma jornalista, sigo sendo atriz, com teatro circulando nas veias e a arte em cada poro de minha pele. E não nego que adoraria corresponder-me com aqueles que já partiram, fosse meu avô, meu irmão, Paulo Autran ou a minha infância para contar-lhes a novidade. E espero de coração que haja alguma forma deles onde estão lerem os artigos escritos pela correspondente do E-cult mídia ativa, sim aquela que tem uma pequena pinta na face e é poliglota!


28 de maio de 2012... 


Acompanhem o E-cult mídia ativa 
 e se quiserem se corresponder comigo
  podem enviar e- mail para  luciahbrasil@hotmail.com
mas já aviso eu posso escrever  no dia seguinte 
 ou demorar uma vida para responder
mas sempre respondo!!!

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Sustentabilidade dentro e fora de cena -A Geringonça da Fantasia

Espetáculo " A Geringonça da Fantasia", temática , figurinos e cenário reciclados,
 Theatro Guarany, junho de 1998


A palavra da década de 80 era ecologia, nos anos 90 falava-se em reciclagem agora a palavra da vez é sustentabilidade, e eu optei por ela pois no teatro, seja na dramaturgia ou nos textos há sempre algo que deve sustentar-se, o ator que não sustenta sua interpretação em cena pode por um bom texto a perder. 
Pegue Shakespeare e ponha na boca de um ator que não consegue sustentar sua ação, emoção, respiração...e perceba que sustentar é mais que uma palavra de cunho ecológico. Mas embora eu em geral me restrinja a falar de teatro, pois é o universo que estou imersa há anos...( desde que sustentabilidade era ecologia)  eu hoje aqui quero abordar esta questão da reciclagem e o quanto nossa sociedade esta despreparada e desconhece sobre coleta seletiva e as destinações destas. Eu debato a questão desde a infância, quando numa greve dos lixeiros de minha cidade natal as pessoas não sabiam o que fazer com seu lixo, e nem se falava de resíduos sólidos e orgânicos, minha mãe deu seu exemplo em minha escola e na vizinhança. Nós tínhamos pátio e enterrávamos as cascas de frutas e sobras de alimento. E o restante era enviado aos catadores que a época chamavam-se apenas o "Homem do Ferro velho", "O senhor dos vidros", ou o "Tio do Papelão".  


Ao final da década de 90 passei uma temporada com a família e minha mãe mais uma vez estava no movimento da sucata, fazendo artesanato de todos os possíveis resíduos sólidos transformou a dependência de empregada no depósito de sucatas e também no parque de diversão de meus sobrinhos e de seus amiguinhos... Era 1997 e eu organizei o "clube da sucata", de minha mãe, pois precisava de um local para passar texto com meus colegas de teatro enquanto estávamos sem sede. Íamos sair para comprar material para adereços e cenários do espetáculo de então "A Onça e o Bode", quando minha mãe sugeriu que reutilizasse um plástico que ela tinha, pasmem, sobras de bandeiras sinalizadores de caminhos para geógrafos e geólogos (amigos e colegas de minha irmã) na Antártida. Mas precisávamos fazer uma floresta que material usaríamos como as folhas da floresta? Minha mãe, olhou para nós e disse: "Ora garrafas PET!" Claro...

Na foto acima parte de cenário feito com garrafas PET, inicialmente para o espetáculo "A Onça e o Bode"(1997) mas que foi reutilizado em 2011 no espetáculo "A Maçã", dentro do projeto RECICLANDO HISTÓRIAS, aprovado pelo FUNCULTURAL dentro da Lei de incentivo a cultura do estado de Santa Catarina.
 Em cena Aline Conceição e Nilo Corrêa no Salão da Associação de Moradores da Comunidade ESTIVA onde fica localizado o aterro sanitário da região metropolitana de Florianópolis/SC e recebe mais de 1000 toneladas de lixo por dia provinda de 22 municípios.


Nem preciso dizer que usamos todo o estoque de garrafas que ela tinha, já devidamente cortadas e amassadas. Ficou lindo... E ano passado ainda parte deste cenário foi usado no espetáculo "A Maçã", dentro do Projeto Reciclando Histórias. 

 Estes momentos foram cruciais para gerarem em mim um espetáculo voltado as sucatas de minha mãe, ao mundo de alegria fantástica de meus sobrinhos ali naquele universo que fazia tampas de garrafa e caixas de ovo mais geniais que o vídeo game ou os brinquedos tecnológicos. 
Nas férias de janeiro do ano seguinte eu só pensava nisto...em Cruz Alta no noroeste do Rio Grande do Sul com saudades de meus sobrinhos pensei como seria bom me transportar para perto deles, se existisse uma nave genial que pudesse me transportar a qualquer lugar e no tempo eu iria para a praia, iria para o quartinho das sucatas, iria para o passado e para o futuro e neste instante enxerguei a nave construída de sucatas...
 em uma semana e meia eu tinha não apenas o texto escrito, mas também toda a concepção de figurinos e cenários com materiais de sucata, reaproveitado...Quando cheguei em Pelotas em meados de fevereiro A Geringonça da fantasia já voava nas mentes criativas de todos com que trabalhei. E construímos a Geringonça com garrafas PET, caixinhas de leite, tampinhas e toda sucata que víamos pelo caminho. Nem preciso dizer que meus sobrinhos eram fãs da geringonça e davam sempre uma passadinha pela sede da Cia Z para ver como estava a construção. 
Outro dia conversando com uma de minhas sobrinhas pelo Skype sobre dança, vestibular ( afinal ela é bailarina e é bixo do Curso de Biologia da UFRGRS) comentávamos das influências sofridas por nossas vivências na infância e suas consequências na vida adulta. Ela falou da Geringonça e disse que era a sua peça preferida... Pronto bateu a saudade...eu só queria entrar na geringonça e dar uma viajada por aí...ao passado de suas infâncias, depois a terra distantes para pessoalmente dizer coisas do fundo do meu coração a pessoas que amo verdadeiramente!!! 
Quanta coisa... aí lembrei da Itália...todas as casas que eu estive hospedada por lá me mostravam onde colocar os resíduos sólidos e orgânicos...e a maioria das casas tem o lixo escondido dentro do armário...
Certo dia ao terminar a água de uma garrafa separei a tampa e amassei a garrafa... Quase entro em discussão...pois o dono da casa, disse que eu não precisava separar a tampa da garrafa que depois é amassada...e que as máquinas do Brasil que amassam lixo não deviam ser tão potentes como as máquinas de prensa (movidas  a macarrão acredito eu) da Itália... 

Fardo de garrafas PET com rótulos e tampinhas, este fardo antes de ir para reciclagem terá que ter seus rótulos e tampinhas separados, o que encarece a reciclagem e aumenta o gasto de energia.

Eu queria explicar que separar o rótulo e a tampa da garrafa não tem nada haver com máquinas que amassam, quer dizer até tem, mas que a tampa é de outro tipo de plástico...que uma única tampinha pode estragar um lote inteiro de PET, que é o TIPO 1 de plástico e significa POLITEREFTALATO de ETILENO  e as tampinhas são feitas de plástico TIPO 5, de menor valor, que nem tem sobrenome o POLIPROPILENO, e valem muito pouco, daí a importância de sua utilização no artesanato, Vale lembrar que  toda vez que garrafas vão para prensa com tampinhas aqueles fardos que vemos precisam novamente ser desmanchados para tampa por tampa ser separada e rótulos retirados para só então ir para reciclagem...o que faz que muitas vezes que as garrafas precisem novamente ser  presadas...o que é um gasto de energia desnecessário... 

...mesmo que eu tenha empreendido várias palestras e atuado em seminários de resíduos sólidos na grande Florianópolis/SC entres os anos de 2000 e 2001, quando era Secretária da APREMABI ( associação de preservação meio ambiente) me faltaram as palavras em italiano para palestrar sobre a questão, e o bom senso falou mais alto. Eu não poderia palestrar em defesa de meu ponto de vista, que ia exatamente na direção oposta de quem estava me hospedando...(fora de meu país) nevava e fazia frio do lado de fora... 
"melhor não discutir" ...

Mas isto acontece por que a informação não chega, muitas vezes nem menos a quem trabalha com ela como profissão.  Daí a importância do teatro também como informação...Não informação moralista...mas onde a criatividade faça o espectador refletir e entenda como pode aplicar de maneira prática em sua vida que refletirá diretamente na vida do meio em que se insere e de nosso planeta.

Que bom se a geringonça pudesse seguir voando por aí para lembrar a tanta gente que não apenas tampinhas e garrafas são diferentes, mas que nosso lixo está aí e com tantas coisas insustentáveis...que carecem de ideias fantásticas... por isto neste mês decidi sustentar a palavra em nome da sustentabilidade no teatro, gostaria de falar mais sobre figurinos feitos de materiais reciclados mas já me estendi demais... 
E decidi dar uma voltinha hoje, de geringonça... lembrei que tenho que organizar o meu lixo e separar as tampas antes de descartar para coleta seletiva...e reciclar também as ideias, os pensamentos a forma de pensar... 

Abaixo um pouco mais sobre o texto e o espetáculo 


O espetáculo em questão aborda de forma lúdica e fantástica a história de três crianças que viajam numa nave construída por sucatas ao fundo do mar, a um mundo do futuro onde as montanhas e o mundo foi tomado pelo lixo, e a um mundo de alegria onde tudo é possível com criatividade. 
Nesta brincadeira eles vão vivendo diferentes seres, de cientistas malucos a peixes, colombinas e arlequins a robôs cibernéticos. Em sua montagem pela Cia Z de Teatro em 1998, tendo circulado por mais de 30 cidades do sul do Brasil. 

Abaixo a Ficha Técnica de sua estréia: 

Casa de Cultura na cidade de Caxias do Sul/RS
em abril de 1998 

Dramaturgia de Luciá Tavares


Ator/Personagem


Aurélio Bastos............... Miguel/Cientista/Robô/Palhaço
Henrique Lencina................................... Rafa/Raptor/Bobo
Luciá Tavares......................... Déia/Madame/Colombina


Direção Geral 
Nilo Corrêa


Figurinos e Adereços
Maria Deniz & Cia Z de Teatro


Cenários
Gérson Melo


Iluminação 
Rogério Santos (Billy)
  



Se alguém quiser remontar este texto ficarei extremamente feliz...
e quem for afim de me chamar para palestrar sobre a diferença de tampas e garrafas fico a disposição
 desde que , por enquanto, seja apenas em português...

e vale lembrar

que tampa e garrafa vivem a vida toda juntas unidas.... mas não são feitas do mesmo material...


AQUELE ABRAÇO!!!

 não esqueça de separar a garrafa da tampa...

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terça-feira, 6 de março de 2012

Teatro Empresa

Eu  com Luciana funcionária envolvida com a prevenção e o bem estar da empresa.
.E uma fã do trabalho da Cia Z de Teatro e consequentemente de minhas criações voltadas ao teatro nas empresas


Não é novidade que passei um tempo distante deste blog, não por vontade própria, pois amo demais escrever mas estive trabalhando enlouquecidamente nos meus projetos sócio culturais e também em cena. E depois tirei férias, a segunda vez na vida...
Mas cá estou de volta com energias e idéias renovadas.
E entre os tantos textos meu que foram montados fiquei na dúvida de qual comentar ...mas ao rever fotos e lembrar da trajetória percorrida no ano passado resolvi falar novamente do teatro empresa, afinal ano passado escrevi sob encomenda diversos textos para o SESI para serem apresentados dentro de empresas.
E entre estes estavam "Os Seguranças da segurança y de otras cositas más" ( que aborda a segurança no trabalho),  "Me dê motivos" ( sobre motivação e integração no trabalho), e "Higienicamente Falando"( sobre a higiene pessoal e no ambiente de trabalho).
Tais espetáculos de minha autoria foram apresentados para funcionários de empresas como a Eletrosul, OI, Cassol, Atlas e Schindler elevadores e Cassol concretos em Florianópolis e região. 
Na  Cassol Concretos ( São José/SC/Brasil) . Ao lado de Franciely Kunz  , uma das funcionárias da empresa envolvida na segurança e motivação da empresa. E Nilo Corrêa ( diretor e ator da Cia Z de Teatro) após apresentação do espetáculo "Higienicamente Falando". 


HIGIENICAMENTE FALANDO 

É um espetáculo que aborda a higiene pessoal do trabalhador através de suas relações pessoais, seja na vida ou no ambiente de trabalho. Aborda de forma cômica o cuidado com o ambiente de trabalho e o zelo cotidiano que devemos ter em respeito a nossa higiene e aos que nos cercam. 



Durante a apresentação da Cia Z de Teatro no Refeitório da Cassol Concretos, do espetáculo "Me dê motivos..." da esquerda para direita Nilo Corrêa, Leonardo Jesus e Luciáh Tavares ( eu ). 


ME DÊ MOTIVOS...

Como comentei aqui no post de julho "Me Dê motivos..."trata da motivação e da integração no cotidiano de trabalho. A encenação bebe principal na linguagem clownesca e no teatro do absurdo. Inicia com a integração da platéia, mudando o público de seus lugares e quebrando com as panelinhas já intauradas pela convivência do ambiente de trabalho. Traz à tona a importância do bate-papo descompromissado com os colegas de trabalho antes ou depois do expediente e passa por questões como bullyng, assédio moral e sexual no ambiente de trabalho, a importância do elogio e do trabalho de equipe. Com humor o texto repensa a competição e a busca pela auto realização no trabalho como a chave para uma vida plena e feliz.



Na Cassol Concretos na finalização da SIPAT( Semana de interna de prevenção de acidentes de trabalho) após apresentação do espetáculo "Me dê motivos..."

OS SEGURANÇAS DA SEGURANÇA DO TRABALHO 
y de OTRAS COSITAS MÁS

A atenção deste espetáculo está focada na atenção que todo trabalhador deve ter na segurança do trabalho e aborda entre outras coisas ações preventivas no ambiente do trabalhador. Sendo adaptada para cada público específico para atentar para fatos de suma importância do ambiente do trabalhador em diferentes empresas. 
Trata também da importância de desenvolver ações como a SIPAT( Semana de prevenção de acidentes de trabalho) no ambiente de trabalho. Esclarece ao trabalhador também o que pode ser configurado como acidente de trabalho e como este pode tornar seu ambiente mais seguro. 

domingo, 28 de agosto de 2011

A Maçã(La Ragazza Mela)- relato de um processo de construção dramatúrgica



          Na próxima semana "A Maçã"( La Ragazza Mela) volta à cena.
Diferente de meus outros textos teatrais a dramaturgia deste é proveniente de um texto escrito, que eu traduzi do italiano e adaptei para  ser encenado. A adaptação de "A Maçã" não se deu apenas diante do computador, mas sim na cena. Queria apenas contar o texto em questão e resolvi fazê-lo primeiramente em italiano.
O início do processo aconteceu em 2008 quando eu morava ao lado das dunas da Praia dos Ingleses, em Florianópolis/SC/Brasil.

 Eu, nas dunas da Praia dos Ingleses, em Florianópolis/SC/Brasil no princípio de meu processo de criação cênica e dramatúrgica para "A Maçã"

Nas tardes de sol ia com o texto para diante do mar e buscava memorizá-lo. 
Ao entardecer ensaiava nas dunas tendo com público minha matilha de cães e os infinitos grãos de areia. Cantava em italiano para aquecer a voz e utilizava os malabares Swing poi para aquecer o corpo. 
No mesmo semestre busquei adaptá-lo a partir das idéias que tinham surgido no período da duna.
Meu exercício então foi o de incluir personagens e pesquisar figurinos,  apoiando-me na pesquisa corporal das personagens da commedia dell'arte. Esta etapa também que ficou guardada no meu computador e no meu vocabulário corporal por um bom tempo. 

 Arlecchino personagem típico da commedia dell'arte italiana, utilizado como inspiração para o personagem Polentino do espetáculo "A Maçã"

No primeiro semestre de 2009 trabalhei com o mesmo texto no trabalho da disciplina TEV 3 ( técnica Vocal 3) da UNIRIO- Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
Como tratava-se de um trabalho solo procurei recriar através da voz as personagens que havia desenvolvido na duna, e na fase escrita.
O fiz inicialmente em italiano, até que a Professora Natália Fiche, me pediu que fosse aos poucos traduzindo para a língua portuguesa o texto que  apresentaria...
Que dificuldade transformá-lo num texto em língua portuguesa, que exercício maravilhoso!
Uma investigação de palavras que levava o texto em português a ter a mesma vida que ele tinha em italiano. O texto em que me apoiava para toda esta criação chegava de forma escrita em minhas mãos, mas  era um relato oral recolhido da cultura popular por Italo Calvino.
Depois de imprimir diferentes matrizes vocais para cada narrativa e para cada personagem, e ter que traduzi-lo de forma gradativa, foi a vez de colocá-lo na cena.
O exercício foi então o de criar um corpo para uma narrativa e para personagens que já tinham voz colocadas em diferentes caixas de ressonância do corpo.
Mais outro desafio!


O passo seguinte era libertar o texto da linguagem meramente narrativa, trazê-lo um pouco mais para linguagem dramática, e coloquei os demais personagens em apresentações que foram levadas em escolas da periferia de São José/SC/Brasil, dentro do Projeto "O Teatro vai a Escola".



No ano seguinte apenas com um caixote e meu malabares, levei o trabalho para praça, no Dia Mundial do Teatro Infantil,  e voltei a atuar sozinha nele,  recebendo uma ótima receptividade do público. 
Mas eu ainda não estava satisfeita,  no semestre seguinte incluí o criado do rei, que ganhou vida pelo atuação de Nilo Corrêa, e foi batizado por mim como Polentino, em homenagem ao Arlecchino da commedia dell'arte e ao meu amor pela culinária italiana.




No dia da estréia o ator estava sem voz, e eu  tive que voltar a estaca zero do processo. O palco do espaço que eu apresentaria, devido uma apresentação da noite anterior, estava desmontado. Eu já ouvia o público chegando, barulhento, quando tive a luz de tirar o espetáculo de uma encenação em palco italiano
( até por que seria impossível montar o palco em tão pouco tempo)
e fazê-lo de arena, circular;  como eu ensaiava na duna, no início de tudo...
Os módulos que haviam sobrado do palco, espalhei pelo espaço,  depois distribuí adereços referente a cada uma das personagens que eu encenaria,  em cada um deles.
No meio eu-narradora, ao redor o público...
O criado Polentino (mudo) virou a grande sensação de minha narrativa, um grande trapalhão na pele de um experiente ator, roubou a cena. Depois de sua aceitação pelo público decidi deixá-lo sem falas verbais.
 O sucesso de Polentino faz com que o ator seja até hoje chamado pelo nome da personagem quando é encontrado por algum dos espectadores na rua.


 Nilo Corrêa(Polentino) e Eu em cena, outubro de 2010, numa das vezes que o criado entra em cena para interagir atrapalhadamente com a narrativa e com os demais personagens.

No semestre passado La Ragazza Mela, que eu batizei como A Maçã, ganhou adereços de cena,
carretéis onde Eu e Nilo( Polentino) atuamos em cima. Sei que sua recriação está só no início.
Planos não faltam, mas decididamente é meu principal work in progress, e não sei definir ainda se de fato é um texto dramatúrgico, mas eu o interpreto.
Sua tradução não foi feita por mim apenas com palavras,
mas antes de tudo com o trabalho(muitas vezes) solitário de atriz.  


 Escola na periferia de São José/SC/Brasil.

A Maçã é um relato oral, e seguirá sendo,
minha adaptação e tradução é feita a cada experiência com o público,
com os diferentes espaços
e com a pesquisa constante que nutro pela cultura popular italiana.
E tenho certeza que este processo ( que iniciou em 2008) está só iniciando! 


E sempre digo que é delicioso e tentador como uma maçã!